quinta-feira, 20 de agosto de 2009

JEITINHO

"Jeitinho", expressão brasileira, é um modo de agir usado para driblar normas e convenções sociais. É uma forma de navegação social tipicamente brasileira, onde o indivíduo pode utiliza-se de recursos emocionais – apelo e chantagem emocional, laços emocionais e familiares, recompensas, promessas, dinheiro etc. – para obter favores para si ou para outrem, às vezes confundido com suborno ou corrupção.

Normalmente o indivíduo sabe que não é certo fazer determinada coisa e a faz. Porém, quando chega a punição é dado um jeitinho de se esquivar da responsabilização pelo ato, algo como "varrer a sujeira para baixo do tapete", por isto tem este nome. Pode-se citar alguns exemplos da longa lista de pequenos pecados que cometemos: Pagamento de taxa, para ser aprovado no exame para tirar a carteira de motorista, mesmo não sabendo dirigir com segurança.

Dar dinheiro para o guarda de trânsito anular a multa. Normalmente, para não ser preso, usa-se a frase "tem como dar um jeitinho", uma vez que esta não é considerada suborno. Deixar tudo pra ultima hora: pagamentos, inscrições, responsabilidades.
Considerar que o Honesto é um paspalho e que o Malandro é o bom e achar que a Honestidade deve ser combatida com desprezo e a corrupção "se dar bem" louvada como estilo de vida. Trabalhar pouco e querer ganhar muito, querer que os outros trabalhem em seu lugar e que paguem suas despesas. Baixar músicas, filmes ou ter softwares pirateados, e não pagar um só centavo aos produtores.


O jeitinho caracteriza-se como ferramenta típica de indivíduos de pouca influência social. Em nada se relaciona com um sentimento revolucionário, pois aqui não há o ânimo de se mudar o status quo. O que se busca é obter um rápido favor para si, às escondidas e sem chamar a atenção; por isso, o jeitinho pode ser também definido como "molejo", "jogo de cintura", habilidade de se "dar bem" em uma situação "apertada". Não deve ser confundido, porém, com malandragem, que possui seus próprios fundamentos.

Diversos personagens do imaginário popular brasileiro trazem esta característica. Um dos mais conhecidos é o
Pedro Malasartes, de origem portuguesa, profundamente enraizado no folclore popular brasileiro através do livro "Malasaventuras", escrito pelo paulistano Pedro Bandeira. João Grilo, personagem de Ariano Suassuna em O Auto da Compadecida, também carrega em si o jeitinho.

No livro "Dando um Jeito no Jeitinho", o prof. Lourenço Stelio Rega define jeitinho como uma saída para situações sem saída ou mesmo para uma situação que não se quer enfrentar, além disso, indica que o jeitinho não é só negativo (corrupção, levar vantagem, etc.), ele também tem um lado positivo. O autor demonstra isto indicando três características do jeitinho: inventividade/criatividade, função solidária e o lado conciliador do jeitinho.

Porém minha conclusão de que o carioca é metido a esperto não está na prática de crimes, mas sim naquelas ocasiões que o cara "dá o migué". Aquele jeitinho pra conseguir as coisas mais rápido, antes de todo mundo, e pelo menor esforço. E tudo geralmente devidamente acompanhado de uma historinha pra boi dormir.

Furar fila, trafegar pelo acostamento, pegar os atalhos mais improváveis para escapar do engarrafamento, entrar pela contramão no estacionamento do shoppping só pra pegar a vaga antes do outro, etc. Ou seja, esses pequenos desvios de conduta do dia a dia. Levar vantagem. Carioca não é considerado bandido, mas sim mestre em "dar jeitinho" (possivelmente vem daí a fama da "malandragem carioca").


Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

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